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Philae vê orgânicos no cometa publicado a 18 de Novembro de 2014 por Terry Hurlbut. A sonda Philae adormeceu profundamente no seu lugar de descanso à sombra do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Mas antes de adormecer, ela enviou informações acerca da sua descoberta mais importante, até à data. A “atmosfera” (ou o que parece ser) do cometa contém moléculas orgânicas. Esta descoberta reaviva um antigo debate acerca de como é que a vida surgiu na terra. Será que a vida surgiu na terra? Ou foi um cometa que a trouxe?

A descoberta de Philae. A animação da sequência onde a Philae aterrou primeiro. Foto por cortesia de ESA/Rosetta/NavCam – CC BY-SA IGO 3.0

O primeiro relatório da descoberta vem de Victoria Bryan, de Reuters. Ela apresentou o relatório de Berlim por volta das 17:00 UTC (18:00 CET). De acordo com esse relatório, o aparato da composição da amostra cometária da Philae (COmetary SAmpling Composition = COSAC) detectou os orgânicos nos gases que rodeavam o cometa. A Philae também tentou perfurar o “chão” do cometa, usando o seu sensor de múltipos propósitos (MUlti-PUrpose Sensory = MUPUS). Mas, talvez antes que a broca pudesse passar um núcleo para COSAC analisar, Philae ficou sem bateria e teve que enviar todos os dados que tinha antes de adormecer.

A ESA não parecia ter publicado nada acerca desta descoberta.

As fontes de Bryan na ESA não sabiam se COSAC tinha encontrado algo tão complexo como a estrutura primária de uma proteína na análise ao gás.

Panspermia? Bryan sugeriu que a ESA espera encontrar pistas acerca da origem da vida na terra. A equipa científica da Philae deseja, específicamente, testar a teoria da panspermia. De acordo com isso, os cometas “semearam” as coisas da vida, e talvez a própria vida, na terra (e talvez noutros lugares).

Walter T. Brown, Ph.D., dirige o Center for Scientifc Creation (Centro para a Criação Científica). Ele desafiou a ideia panspermia como impraticável. Numa entrevista telefónica com a Examiner, ele salientou que para qualqer criatura viva chegar à terra num cometa tem que sobreviver aos níveis mortais de radiação em todo o sistema solar. Esta radiação tem mais poder mortífero quando um cometa mergulha em direcção ao sol. Além disso, Brown nem conseguia descrever como é que essa criatura conseguiria comer (e o que comeria), e se reproduziria sem o suporte de água líquida. (Nota: A escavação MUPUS chegou até cerca de 20 centímetros antes de chegar uma superfície dura. Os cientistas da Agência Espacial Europeia (European Space Agency = ESA) acreditam que a escavação do MUPUS atravessou por uma camada de pó de 20 cm e bateu no gelo. O cientista líder do MUPUS surpreendeu-se com a descoberta de gelo tão duro).

Descobrir moléculas orgânicas num cometa não é novidade, disse Brown. Essa primeira descoberta aconteceu em 1868, conforme Carl Sagan mencionou no seu livro, Comet (New York: Ballantine Books, 1997). Nessa altura, os investigadores sugeriram que essas moléculas vieram de corpos orgânicos decompostos. Mais recentemente, os cientistas da NASA descobriram glicina, o aminoácido mais simples, no Cometa 81P/Wild 2 em 2009.

Com essas descobertas à parte, as sondas espaciais anteriores só descobriram nos cometas as moléculas orgânicas mais simples, como o metano, etano, propano e cianeto. (As evidências disto provêm da espectografia, e não de algo tão sofisticado como COSAC). Encontrar aminoácidos e especialmente aminoácidos mais complexos do que a glicina, iria “provar” uma origem viva.

Uma origem terrestre para cometas. Um mosaico de imagens, pelo Rosetta Cometary Orbiter (Orbitador Cometário Rosetta), a mostrar onde é que o módulo de aterragem Philae aterrou, saltou, rolou e veio a descansar no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Foto por cortesia de ESA/Rosetta/MPS para a Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA

“Ainda assim”, disse Brown, “se eu fosse um homem de apostas, eu apostaria quw algo tão simples como o metano veio da vida. De que outro lugar pode o metano ter vindo? Pode-se obter metano na terra, a partir de rochas e água líquida. Mas [o Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko] não tem água líquida.

Mas de onde veio esta vida? Brown, cita a sua Teoria Hidroplata do Dilúvio Mundial. Segundo isso, o dilúvio mundial aconteceu quando um oceano subcrustal quebrou a contenção onde os dorsais Meso-oceânicos estão agora. Mas isto não partiu só no fundo do oceano. Em vez disso, as águas do dilúvio separaram as Américas da Europa e Ásia e criou o oceano Atlântico. No processo, lançou enormes quantidades de água, rocha e lama para o espaço, em grande velocidade. Estes materiais tornaram-se os Mavericks do Sistema Solar, incluindo cometas. E alguns dos materiais poderiam conter árvores arrancadas e arbustos, animais encurralados, e outras espécies de seres vivos.

Em resumo, diz Brown, a vida não chegou à terra através de cometas. Em vez disso, a vida escapou da terra com os cometas.

Brown sugeriu que Philae, se ela acordar, deveria usar o sistema COSAC para responder a duas questões, se puder. Primeiro, quão complexos são as moléculas orgânicas que ela encontrou antes? Os aminoácidos, disse Brown, seriam uma boa classe de candidatos. (Nota: Os carboidratos, incluindo mono e dissacarídeos, seriam outra classe). Segundo, estarão estas moléculas em misturas racémicas? Os aminoácidos e os carboidratos em seres vivos não são racémicos. A vida só usa L-aminoácidos e D-sacarídeos (daí o nome dextrose para a forma de glicose que o corpo usa, e não o seu oposto, levose) A glicina, o único aminoácido simétrico, é a única excepção.

Philae, tanto quanto a ESA pode dizer, descansa numa sombra profunda. Naturalmente, a ESA destinou Philae a pousar numa superfície iluminada pelo sol. Ela o fez, mas saltou e desviou-se para a área sombreada.

(Ver também o blog Rosetta e o directório de imagens ESA).

Informações de examiner.com  de Conservative News and Views.
Um mosaico de imagens, pelo Rosetta Cometary Orbiter (Orbitador Cometário Rosetta), a mostrar onde é que o módulo de aterragem Philae aterrou, saltou, rolou e veio a descansar no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Foto por cortesia de ESA/Rosetta/MPS para a Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA